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Quando a Alma Faz Faxina: Explorando a Catarse em Todas as Suas Formas



Vamos começar do começo, porque tudo tem que começar de algum lugar, né? A palavra "catarse" é tão antiga quanto a Grécia e vem do grego **κάθαρσις** (*katharsis*), que, traduzindo para o bom e velho português, significa "purificar" ou "purgar". Imagine aquele dia em que você resolve finalmente arrumar o armário e joga fora anos de bugigangas acumuladas. Pois é, a catarse é isso, só que na sua alma. Começou na medicina, com o pessoal querendo limpar o corpo, mas, com o tempo, a ideia se espalhou, tornou-se moda, em sequência tornou-se viral e foi parar no território das emoções, onde faz um verdadeiro detox. E se você é do #timeespiritual, sabe que a catarse não é só coisa de consultório. Por aqui, a gente também fala de liberar energias estagnadas, aquelas que te deixam mais preso do que Wi-Fi ruim. Limpando isso, você se alinha com frequências mais altas, dá um “tchau” bem dado para as vibrações pesadas e segue a vida mais leve, quase flutuando.

Porém é necessário ter em atenção este tema, porque pode ser bem desastroso se não usado como deve... vamos evitar que haja uma "congestão catártica" e tentar explicar.


Ah, a psicologia, onde Freud reina absoluto em algumas questões! Para ele, a catarse era praticamente um desentupidor emocional. O cara acreditava que, se você guardasse tudo, uma hora ia dar ruim, tipo um encanamento entupido. Então, o lance era liberar essas emoções, botar pra fora, de preferência sem explodir na cara de ninguém. É tipo tirar o nó da garganta e finalmente respirar aliviado. E olha que isso não é só coisa de Freud, não. Nosso amigo Carl Jung também entrou na jogada, mas com aquele toque espiritual. Para ele, a catarse era como fazer as pazes com o seu “eu” sombrio. Você abraça, integra, e pronto: está um passo mais perto de ser uma versão melhor de você mesmo.

E não pára por aí. Se você já se envolveu com terapias alternativas, como a constelação familiar ou terapia regressiva, sabe que reviver padrões antigos, dar aquele “reset” nas emoções ancestrais, é a receita para se livrar de traumas que nem sabia que tinha. Ou seja, Freud ficaria orgulhoso (penso eu) de ver que a catarse foi além do divã e invadiu outras esferas da cura.


Agora, vamos ao teatro grego, onde o drama não era só novela das nove. Aristóteles, aquele cara que filosofava sobre tudo, dizia que a tragédia era uma bela de uma catarse. O público assistia ao sofrimento dos personagens e, de quebra, lavava a alma. Era como assistir a uma maratona de filmes tristes num domingo chuvoso, só que com mais toga e menos pipoca. As emoções eram postas pra fora, e o pessoal saía do teatro renovado, quase como quem sai de um spa, só que para a alma.

Nas artes, essa liberação acontece tanto para quem cria quanto para quem aprecia. O artista coloca toda a sua carga emocional na obra, e quem vê ou ouve acaba recebendo essa energia, criando um ciclo de cura, uma técnica muito usada nos movimentos sistêmicos e no psicodrama, mas isso é tema para outra publicação. E se a gente falar de música? Ah, meu amigo, lembra da ideia de criar uma faixa vocal em Sol? O som certo pode te levar para um lugar onde os problemas do mundo ficam em segundo plano. É a catarse auditiva, ou como diria Aristóteles se vivesse hoje: “Solta o som, DJ!”


Falando de coisas sagradas, a catarse está presente em quase todas as religiões. No cristianismo, a confissão é a boa e velha faxina espiritual. Você conta seus pecados, se arrepende, e sai com a sensação de ter tirado um peso das costas. É quase como fazer backup do HD espiritual e começar do zero. E nas práticas meditativas, não é diferente. O mantra certo, a meditação focada, é tudo parte de um processo catártico que limpa as energias e te alinha com o que há de melhor no universo.

No hinduísmo, no budismo, e por aí vai, a ideia de purificação espiritual é uma constante. Aquele banho ritual, a repetição dos mantras, é tudo para limpar os chakras e alinhar os corpos sutis. Não tem nada como um bom “banho” energético para te deixar mais zen que um monge tibetano.

Se você curte algo mais xamânico, de contato com a natureza, então sabe que os rituais de cura também seguem a linha catártica. Você entra em transe, revisita traumas antigos, solta tudo para a terra e renasce mais forte. É tipo descompactar um arquivo zipado de problemas emocionais e deixar só o que importa.


Agora, bora filosofar um pouco, porque catarse também tem seu lugar nesse campo. Nietzsche, aquele que disse que Deus estava morto (mas calma, é só uma metáfora), falava de uma catarse que vem com o amor fati, ou seja, amar o próprio destino, com tudo de bom e de ruim que ele traz. Abraçar a vida com todas as suas dores é a chave para transcender. É tipo tomar um chá de realidade e depois um outro de aceitação.

E Sartre, o existencialista de plantão, nos lembra que a catarse é aquele momento de “choque de realidade”. É quando você se depara com a liberdade e a responsabilidade de ser quem você é. É o tal do “ser ou não ser”, só que sem Hamlet e com mais responsabilidade existencial. No fim das contas, é tudo sobre se transformar, quebrar o que não serve mais e seguir em frente, quase como um upgrade da alma.

Falando nisso, quando você ressignifica suas crenças, é uma catarse também. Como já falámos nas nossas publicações anteriores, em cursos e livros, é como reprogramar o Corpo Mental Superior e Inferior. Você joga fora as versões obsoletas do seu “sistema operacional” e instala novas crenças, com mais clareza e menos bug.


Quem disse que não dá para ter catarse na escola? Na educação, aquele “click” que acontece quando você finalmente entende um conceito difícil é uma mini catarse. É como tirar um peso dos ombros e ver o mundo com outros olhos, tipo quando você resolve uma equação que parecia impossível. É aquele momento “Eureka!” que deixa a mente mais leve e aberta para novas ideias.


E no desenvolvimento pessoal? Ah, aí a catarse é rotina. Seja no coaching, na terapia ou até na boa e velha autoajuda, liberar crenças limitantes é o que te faz crescer. Lembra das conversas sobre o Corpo Akáshico e o Corpo Átmico? É isso aí: limpar os velhos padrões, abrir espaço para novas possibilidades e ver a vida sob uma nova luz.

No na visão sistêmica das constelações familiares, que é basicamente o manual de instruções da sua família inteira, a catarse rola solta. Você entende os padrões, dá um chega pra lá no que não serve mais, e sai renovado, quase como se tivesse encontrado o manual da paz interior.


E para fechar com chave de ouro, até na natureza a catarse dá as caras. Pense num incêndio florestal: é destrutivo, é, mas também prepara o terreno para a renovação. É a mãe natureza mostrando que, às vezes, é preciso queimar o velho para dar lugar ao novo. E não é só na ecologia, não. Nas ciências sociais, movimentos sociais e revoluções são catarses coletivas, onde a sociedade se purga do que não presta mais e busca uma nova ordem.

Isso me faz lembrar das constelações familiares: quando a gente reorganiza o sistema, tudo começa a fluir melhor. A catarse, nesse caso, é coletiva, e o resultado é uma sociedade mais equilibrada e harmoniosa.

Então, é isso! A catarse é essa baita ferramenta que atravessa tempos, espaços, disciplinas e práticas culturais. Ela está em tudo, desde a psicologia até as ciências naturais, passando pelo teatro, filosofia e espiritualidade. Ela é o remédio para as dores da alma, a chave para a cura e a ponte para a evolução.


Mas atenção, a catarse não é vista só como a causa de uma transformação emocional ou psicológica, mas sim como o processo através do qual essa transformação ocorre. Vamos desmembrar isso para entender melhor.


A catarse é essencialmente o caminho, a "ferramenta" que permite que a liberação emocional aconteça. Quando uma pessoa passa por uma catarse, ela está vivenciando um processo de descarga emocional. Isso pode acontecer de várias formas: através do choro, de uma explosão de raiva, ou até mesmo de uma realização súbita que traz alívio. Durante esse processo, as emoções que estavam reprimidas ou não expressas são trazidas à superfície e liberadas.

Exemplo: Imagine que uma pessoa está lidando com o luto, mas reprime suas emoções por medo de enfrentar a dor. A catarse, nesse caso, pode acontecer durante uma sessão de terapia, onde a pessoa finalmente se permite sentir e expressar a tristeza. Esse processo de catarse não é a causa da cura emocional, mas sim o meio pelo qual a pessoa consegue acessar, entender e processar suas emoções, o que eventualmente leva à cura.


A causa dos sentimentos intensos que levam à catarse geralmente reside em algum tipo de desequilíbrio emocional, trauma ou conflito não resolvido. Por exemplo, a causa da ansiedade pode ser uma série de experiências estressantes ou traumas do passado. A catarse é a maneira pela qual a pessoa começa a lidar com essas causas, mas não é a fonte original desses sentimentos.

Exemplo: Se alguém sofre de ansiedade devido a uma infância traumática, a catarse poderia ocorrer durante uma terapia ou outro tipo de intervenção emocional, onde a pessoa finalmente enfrenta esses traumas. A causa da ansiedade é o trauma, enquanto a catarse é o processo de liberação emocional que pode ajudar a pessoa a lidar com as consequências desse trauma.


A catarse também deve ser vista como parte de um processo terapêutico ou de desenvolvimento pessoal mais amplo. Não é o fim do caminho, mas um passo importante no processo de cura e transformação. Após a catarse, geralmente vem um período de integração, onde a pessoa começa a reorganizar seus pensamentos, emoções e comportamentos à luz da experiência catártica.

Exemplo: Após uma catarse onde uma pessoa libera a raiva acumulada, o próximo passo é entender o que causou essa raiva, trabalhar para resolver essas questões e, finalmente, desenvolver novas maneiras de lidar com essas emoções no futuro.


Com isto, a catarse é o processo através do qual as emoções são liberadas e transformadas, mas não é a causa dos problemas emocionais que precisam ser resolvidos. É uma parte essencial do caminho para a cura, mas funciona como um meio para um fim, não como o fim em si. A verdadeira causa das emoções intensas está em experiências, traumas ou conflitos que precisam ser compreendidos e trabalhados para que a cura e a transformação sejam completas.


Neurociência: O Que Pode Dar Errado Quando a Alma Faz Faxina?


Quando falamos de catarse em termos de neurociência, estamos explorando como o cérebro, essa máquina complicada que a gente carrega no crânio, lida com emoções intensas. A ideia de "soltar tudo" pode parecer ótima, mas a verdade é que o nosso cérebro às vezes dá umas derrapadas nessa estrada emocional. Então, vamos dar uma olhada no que pode dar errado quando a catarse acontece.


No coração da experiência catártica está o sistema límbico, aquele que adora um drama. A amígdala, uma estrutura no cérebro, é quem acende o pavio das nossas emoções mais intensas. Durante uma catarse, a amígdala pode ficar tão ativada que é como se ela tivesse tomado uns três cafezinhos a mais. Isso pode até liberar emoções, mas também pode fazer você sentir que está prestes a explodir, e não de felicidade.

Enquanto isso, o córtex pré-frontal, o responsável por tomar decisões sensatas, pode simplesmente tirar uma soneca bem na hora da crise emocional. Resultado? Você fica impulsivo, irracional, e faz escolhas que provavelmente vai se arrepender depois. E se você já tem tendência à ansiedade ou depressão, esse combo pode ser ainda mais perigoso, como misturar açúcar com formiga.


Reorganização de Padrões Neurais: Quando o Cérebro Cria Cicatrizes Emocionais

Ah, a neuroplasticidade, aquela capacidade incrível do cérebro de se adaptar e mudar. Parece maravilhoso, né? Mas, como tudo na vida, tem seu lado sombrio. Durante uma catarse, quando a emoção está à flor da pele, o cérebro pode acabar reforçando padrões de pensamento e comportamento negativos, em vez de se livrar deles. Imagine reviver um trauma e sair pior do que entrou? Pois é, isso pode acontecer.

Se a catarse estiver ligada a algo que você não conseguiu processar bem, o cérebro pode reforçar essas conexões neurais dolorosas, e o trauma acaba se fortalecendo. Ao invés de se libertar, você pode acabar criando uma armadilha emocional, como um ciclo infinito de "déjà vu" traumático. E se a pessoa se acostuma a buscar essa liberação emocional como um escape, pode acabar criando uma espécie de dependência, onde só a crise traz alívio. Não parece a melhor das ideias, certo?


Manifestação Neuronal da Catarse: Quando a Cabeça Fica “Overloaded”

A catarse mexe com várias áreas do cérebro, desde a amígdala até o hipocampo e o córtex pré-frontal. Só que, se a coisa toda sair do controle, seu cérebro pode entrar num estado de hiperatividade, como se ele estivesse constantemente em modo "emergência máxima". Esse tipo de sobrecarga não é nada saudável e pode levar ao esgotamento mental. Sabe aquela sensação de estar sempre cansado, sem conseguir focar em nada? Isso pode ser resultado de um cérebro que não consegue desligar.

Além disso, durante essas explosões emocionais, o cérebro libera dopamina (o químico do prazer) e cortisol (o químico do estresse). Agora, imagine que seu cérebro fica viciado em buscar aquela dopaminazinha para se sentir bem, mas depois vem o "crash" com o excesso de cortisol. Isso não só bagunça seu humor como pode afetar seu corpo inteiro, aumentando o risco de tudo, desde gripes até problemas cardíacos. Ou seja, seu cérebro pode estar procurando um alívio rápido, mas o corpo paga o preço.


Catarse e Neurociência: Quando Mudar de Comportamento Vira Risco

Catarse pode levar a mudanças no comportamento, mas nem sempre são mudanças positivas. Às vezes, as alterações são temporárias e você acaba voltando aos velhos hábitos, como aquele ex que você sabe que não presta, mas não consegue largar. E pior, a busca constante por liberação emocional pode fazer com que você comece a evitar enfrentar os problemas de frente, preferindo um alívio rápido em vez de resolver a raiz do problema.

A repetição dessas experiências pode criar uma "memória emocional" no cérebro, onde certas reações negativas se tornam automáticas. Imagine se cada pequena frustração desencadeia uma explosão de raiva ou uma crise de choro. Com o tempo, isso vira um ciclo difícil de quebrar, e você pode acabar se retraumatizando ao invés de se curar. Resumindo: em vez de sair da tempestade, você está dando voltas dentro dela.


A catarse, por mais poderosa que seja, tem seu lado B, especialmente do ponto de vista neurocientífico. O processo pode ser tanto um caminho para a cura quanto um atalho para problemas ainda maiores. O cérebro, essa maravilha complicada, precisa de cuidado e atenção, especialmente quando estamos lidando com emoções intensas. Então, antes de embarcar na próxima montanha-russa emocional, vale a pena considerar os riscos e se preparar para evitar que a catarse vire uma tempestade mental difícil de controlar.



 
 
 

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